Resenha: Precisamos falar sobre o Kevin

Título: Precisamos falar sobre o Kevin
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Páginas: 464
Estrelas: 5/5 (favorito)


"Holocaustos não me assombram. Estupros e trabalho escravo infantil não me assombram. Franklin, sei que você pensa o contrário, mas Kevin também não me assombra. Fico assombrada quando deixo cair uma luva na rua e um adolescente corre dois quarteirões para devolvê-la. Fico assombrada quando a moça do caixa me lança um amplo sorriso, junto com o troco (...) Carteiras enviadas aos respectivos donos pelo correio, estranhos que fornecem indicações precisas de uma rua, vizinhos que regam plantas uns dos outros - essas coisas me assombram..."

Livros com temáticas que envolvem distúrbios psicológicos sempre me interessaram, mas nenhum me agradou tanto quanto precisamos falar sobre o Kevin. Talvez por causa da narração que é feita em primeira pessoa, o que sempre me agrada, pois me sinto mais próxima do personagem narrador, e por ela ser diferente do comum já que é feita pela mãe de Kevin.  E talvez por causa da honestidade com que a autora trata o assunto, ela não tenta minimizar situações ou sentimentos como muitos autores fazem.

O livro é narrado por Eva Katchadourian que era uma mulher feliz e tinha tudo que a maioria das pessoas deseja: um filho, um ótimo casamento, sua própria empresa e já tinha viajado praticamente o mundo todo. Entretanto, Eva perde tudo isso quando seu filho Kevin realiza uma chacina na quadra de sua escola.

Agora Kevin está preso e sem qualquer tipo de sentimento de culpa e Eva precisa conviver com a realidade de ter dado a luz a um assassino, com os olhares de ódio ou pena de estranhos que a reconhecem na rua e com a culpa que ela sente – mas será que ela tem mesmo culpa, será que existe algum outro culpado senão o próprio Kevin? Através de cartas a seu ex-marido, Eva relata seus dias, suas visitas a Kevin e ao seu próprio passado.

A Brutalidade com que Lionel Shriver escreve e descreve verdades que a maioria das pessoas tenta ignorar é incrível. Nenhum elogio seria capaz de fazer jus ao livro, então à única dica que eu deixo é: Não deixe de ler!